Zonação de Rios
Zonação é a denominação atribuída à distribuição de flora e/ou fauna de uma comunidade ao longo de diferentes zonas, normalmente horizontais. Esta distribuição está dependente de fatores bióticos e abióticos, estas comunidades possuem características que as tornam distintas de outras, assim como espécies dominantes que caracterizam a comunidade. No caso da zonação de rios um dos principais fatores que afeta essa distinção das zonas é a correnteza, que através da qual se pode relacionar com diversos fatores modificadores e dinâmicos do ambiente lótico, como;
- Distribuição de nutrientes;
- Concentração de CO2;
- Tipo de substrato;
-Temperatura da água.
De acordo com alguns pesquisadores a zonação dos rios pode ser proposta de diferentes formas, mais na verdade todas as teorias de zonação vem para complementar umas as outras.
Zonação de rios De acordo com Schäfer (1985), obtém-se uma divisão ecológica do rio, hipotética, pela inclusão dos seguintes fatores: teor de oxigênio, temperatura da água, oscilação diária ou anual da temperatura, quantidade de material suspenso, consumo de oxigênio, carga de nutrientes, desenvolvimento de uma comunidade autóctone e distribuição de formas bióticas adaptadas em dependência da velocidade da água. Em termos funcionais de ecossistema, a zonação provoca uma separação espacial também dos processos básicos de intercâmbio energético, considerando o consumo, produção e decomposição (SCHÄFER, 1985). Considerando os fatores acima mencionados, pode-se verificar em um rio, as seguintes zonas:
a) curso superior ou ritral – estende-se da fonte, nascente até o ponto onde a amplitude anual da temperatura média mensal não ultrapassa 20ºC (regiões temperadas); caracteriza-se por forte declive, água bem oxigenada e o volume do fluxo é pequeno; a velocidade da correnteza é alta, predomina a erosão sobre a deposição;predominância de consumo.
b) o sistema de transição – heterogeneidade dos fatores ambientais, alta transparência, baixa profundidade da coluna de água, recebe, além de material autóctone (organismos mortos oriundos do curso superior), substâncias inorgânicas e orgânicas alóctones. A função principal desse segundo ecossistema é a produção de biomassa própria.
c) curso inferior ou potamal – onde a amplitude anual da temperatura média mensal ultrapassa 20ºC, em latitudes tropicais, o valor máximo de verão desta temperatura ultrapassa 25ºC; fraco declive, a velocidade da correnteza, acima do leito do rio, é baixa e tende a ser laminar, sedimentação predomina sobre a erosão, águas pouco oxigenadas, maior profundidade e largura, quando comparado com o curso superior. O leito do rio é composto predominantemente por areia ou lodo, embora cascalho possa estar presente. Predomínio da decomposição.
Atualmente, estuda-se o rio juntamente com sua bacia, com a qual realiza-se trocas de matérias mais ou menos expressivas. O conceito de continuum (VANNOTE et al. 1980), prega que conforme o canal aumenta em tamanho, sugere-se que a importância da entrada de material orgânico alóctone (proveniente do meio terrestre) deve diminuir no sentido montante-jusante, principalmente pela diminuição da relação entre a cobertura vegetal e a largura do canal, e que este padrão coincide com um aumento da produção primária devido à entrada de mais luminosidade no sistema.
Consequentemente é observada uma mudança na relação entre produção primária (P) e respiração (R), caracterizando uma mudança gradual de um sistema heterotrófico para um sistema autótrofo. Outra relação predita pelo RCC é a da diminuição da matéria orgânica particulada grossa (CPOM) e o aumento da matéria orgânica particulada fina (FPOM) no sentido cabeceira-foz, devido aos efeitos da fragmentação resultantes de processos físicos e biológicos. Em grandes rios o efeito da cobertura vegetal é insignificante, entretanto a entrada de luz e, portanto, a produção primária ainda pode ser limitada pela turbidez e profundidade, gerando uma ligeira queda na relação P/R. Por tanto o conceito de zonação proposta por Vannote é mais direcionada para uma zonação longitudinal.