O projeto Existe Água em SP e os "caçadores de nascentes"
![Adriano Oliveira Sampaio](https://static.wixstatic.com/media/c856ae_c2c7e6a9202a481886d1ecd9115996a6~mv2.jpg/v1/fill/w_460,h_305,al_c,q_80,enc_auto/c856ae_c2c7e6a9202a481886d1ecd9115996a6~mv2.jpg)
O administrador de empresas Adriano Oliveira Sampaio, de 43 anos, ao contribuir com a construção do lago da Praça Homero Silva, na Pompeia, zona oeste da capital paulista, região em que reside, reavivou um interesse por rios e lagos que já ocupava sua imaginação desde a infância. Já membro do Coletivo Ocupe e Abrace e, entusiasmado em conhecer principalmente a condição de outras nascentes na cidade, juntou-se a outro coletivo, o Rios e Ruas, e passou a identifica-las e a recupera-las, desenvolvendo sua militância ambientalista.
Seu ímpeto criativo e ativista continuou crescendo, até que ele resolveu ampliar a abrangência e o alcance do seu trabalho. Em dois meses conseguiu mapear e filmar 20 nascentes nas zonas oeste, norte e região central, e então, justo num momento de grave crise hídrica em São Paulo, Adriano criou o perfil “Existe Água em SP” (trocadilho com a música “Não existe amor em SP”, sucesso do artista Criolo) no Facebook, e lá começou a divulgar sistematicamente suas ações. Em sua página há a seguinte definição: “Realizo expedições pela cidade de São Paulo para mostrar através de vídeos e fotos, rios e nascentes esquecidos, que devem ser recuperados e protegidos”. E ele acredita que não se trata de um trabalho pontual e de baixo impacto, muito pelo contrário, pois seus conhecimentos acumulados o permitem afirmar que existem muitos mananciais que ainda podem ser recuperados e que, sem dúvida, “há muita água limpa em São Paulo”.
O admirável trabalhos desses “caçadores de nascentes” acaba suscitando a reflexão sobre o modo como se deu o planejamento e a ocupação da cidade de São Paulo, onde, como apontam elementos históricos, os rios eram vistos como um problema, e por essa razão precisavam ser, em muitos casos, soterrados e “transformados” em rodovias. Trata-se, afinal, de uma redescoberta do caráter imprescindível da disponibilidade de água potável em uma grande metrópole. Além do que, serve de orientação às mentes que pensam e já projetam cidades sustentáveis em um futuro próximo, onde nascentes e rios seriam tratados com a devida importância.
O trabalho continua e as expedições aproximam cada vez mais pessoas interessadas em resgatar as preciosas, ainda que esquecidas e escondidas, fontes d´água da cidade cinzenta.