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Maior tragédia ambiental do Brasil, o nosso maravilhoso Rio Doce


FONTE: Portal Técnico em Mineração, 2017.


A Bacia Hidrográfica do Rio Piranga, no dia 5 de novembro de 2015, sofreu com a maior tragédia ambiental da história do Brasil. A tragédia causou a morte de 18 pessoas, além de atingir os moradores daquela região que dependiam do Rio Doce economicamente, socialmente e culturalmente. Essa tragédia ocorreu devido ao rompimento da barragem de rejeitos de Fundão, da mineradora Samarco, que pertence à Vale e à empresa anglo-australiana BHP Billiton, localizada na região de Mariana/ MG. A lama chegou a barragem de Santarém, situada à jusante e saltou-a, alcançando as comunidades de Bento Rodrigues e Barra Longa nas margens no rio Gualaxo do Norte, chegou no rio do Carmo e acabou por atingir o rio Doce e, após 16 dias percorrendo cerca de 660 km, alcançou o mar em 21 de novembro de 2016, pelo Município de Linhares (ES).

Era difícil compreender a magnitude dos impactos e o que aconteceria com os rejeitos. Após sobrevoarem as áreas afetadas, foi percebido que a lama isolava o distrito de Bento Rodrigues e atingia as demais cidades que ficavam nas margens ao longo do Rio Doce.

A evolução do rejeito foi acompanhada pelos Comitês da Bacia do Rio Doce. Foi necessário ter cautela na repassagem de informações para não criar pânico na população além de suspender a captação de água no Rio Doce após a passagem dos rejeitos, pois não se sabia a qualidade da água o que poderia gerar uma possível contaminação da comunidade.

Além de morte humana, prejuízo econômico, sociais e culturais, ao longo do percorrer do rejeito até o mar, gerou mortandade de espécies da ictiofauna, perturbações nas matas ciliares e nascentes, assoreamento do leito do rio e aumento na turbidez, impossibilitando a captação de água, o que levou a um colapso no abastecimento da cidade que utilizavam a água desse curso. Com todos esses problemas, a solidariedade reinou ao longo do brasil, onde foram doados água mineral, roupas e dinheiro. Esse forte sentimento levantou um debate sobre o quanto estamos vulneráveis a esses tipos de eventos e de como nossos recursos estão sendo utilizado.

A Agência Nacional de Águas (ANA) e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), A partir do dia 6 de novembro de 2015, realizaram o monitoramento da qualidade da água e do sedimento, comparando os dados com os resultados da geoquímica realizada no ano de 2010 na região. Os dados são divulgados em um endereço eletrônico da agência, onde a principal função é tornar público as informações. Diversos institutos se solidarizaram através da busca de informações relevantes para a área. Entre elas estão, o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), que monitorou 12 pontos ao longo do curso principal, o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espirito Santo (IEMA) e Usinas Hidrelétricas (UHEs) localizadas ao longo do curso, que realizam análises da água. No site encontra-se mapas e gráficos com as informações obtidas por essas instituições referente a qualidade da água desse curso.

De acordo com dados da ANA e do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), existem mais 600 barragens ao longo do território nacional, onde 16 delas são consideradas inseguras, e uma está localizada em Ouro Preto/MG, município da Bacia do Rio Doce, o que gerou uma certa preocupação do CBH-Piranga e toda a bacia. Os Comitês de Bacia passaram a apoiar iniciativas para que eventos como esses não voltassem a acontecer, como o projeto de lei “Mar de lama nunca mais”, criado pelo Ministério Público, que procura um aumento na segurança de barragens de rejeitos e participação da população na recuperação das áreas que sofreram perturbações. Tudo isso sendo possível através de um diálogo entre as categorias envolvidas, como o poder público, sociedade civil e as empresas que retiram água dos nossos mananciais. Foram realizadas reuniões periódicas promovidas pelo CBH-Piranga e Comitês da Bacia do Rio Doce, com representantes da comunidade e especialistas ambientais, onde visavam encontrar opções de mitigação do efeito da lama ao longo do curso d’água. O Fórum Nacional de Comitês de Bacias Hidrográficas (FNCBH) e a Rede de Organismos de Bacias Hidrográficas (REBOB), acompanharam de perto todo o processo com um olhar preocupado e atento as condições de barragens no Brasil.

Antes da tragédia já estavam sendo realizadas atividades de recuperação do rio, devido a fragilidade que o mesmo se encontrava. Essa fragilidade se devia ao fato do curso estar sofrendo do despejo elevado de esgoto e assoreamento causado pela pouca vegetação marginal. Foram investidos cerca de R$21 milhões no projeto de melhorias de saneamento básico. Além disso, havia projeto que quantificava a quantidade de água retirada para irrigação de lavouras, o que levou a uma economia de 70% de água e também um projeto que visava o reflorestamento de áreas de recarga e nascentes.

Foi lançado uma campanha nominada de “O Doce não morreu”, que procura unir forças em parceria com a população, para que não desacreditem, pois é possível ter o Rio Doce de volta, basta termos esperança e não medir esforços para recuperação desse ecossistema.

Como falou Victor-Marie Hugo: “Tudo o que está morto como fato, continua vivo como ensino”. Que essa tragédia fique como uma lição para o desenvolvimento de ações mais sustentáveis e um melhor manejo dos recursos em nosso país.


ÁGUAS DO BRASIL, 2017. Disponível em: <http://aguasdobrasil.org/edicao-15/tragedia-que-deixa-marcas-e-nos-une-ainda-mais-para-cuidar-e-preservar-o-rio-doce.html>. Acesso: 18 de maio de 2017.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS (ANA), 2017. Disponível em: < http://www2.ana.gov.br/Paginas/Riodoce/default.aspx>. Acesso: 18 de maio de 2017.


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